segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Fotografia

Por que me devolves
a prova de desamores
Bastam as dores,
as murchas flores,
as promessas mancas,
o abandonar das ancas. 
O desamor, 
como o amor,
não exige fotografia! 

Furacão

Se confuso estás
esperaria
A brisa passar
e remaria
em alto mar
sem saber nadar
e rimaria
em versos claros
(Há) mar, amor
e poesia.

Se um furacão 
te assalta
Salto eu
em teus braços
e tu me ria
Vulcão
Lava
e ironia...

Estrela cadente

Outrora constelação
Rebaixada a estrela
candente e cadente
caiu em teu pé
reluz ofuscante
raios, frestas de luz
sem cafuné.
Antares renasce
noutra mujer

Vive tua vida
pois dar-te-ia a minha.
antes que baixasse
a maré do dia,
(pena amor), pois verias,
quanto de amor ainda nos cabia...

Saudade

Saudade
é extrañamento
por um só momento
me pus a cantar
canções latinas
gritam cá dentro
o que não mais
se pode evitar
o amor morreu
por atropelamento
Violeta Parra
passou a gritar
e o que antes,
fora encantamento
num breu cinzento
o amor pôde "quedar"

Escrita

A tristeza
é pré-requisito
para esta escrita
enquanto a tinta
no papel desliza
o poema
me olha esquisito
e grita!

Pergunta haikai

Perguntaram-me:
Não sabes falar de outra coisa?
Se não de amor?
Respondi-lhes:
Hoje não!

Abraços

Em teus braços
Encontro abraços
largos, fartos
cheios de poesia,
fortaleza 
e maresia.

Agora em teus braços
fracos,
frouxos laços
cheios daquilo
que um dia
foi poesia.

Condição de poeta

Quando sofre um poeta
sua alma chora
é mais tinta da bic
que vai-se embora.

Ao longe,
o desamor lhe olha
Mais um poema
se faz no agora

Resistir é perigo
mas o amor consigo
o poeta leva até seu abismo
Ele sabe: permitir é preciso!

Ao fim do poema
lancinante prece
que cesse a dor
que se lhe acomete

Aposta com deuses
que ardis paixões
o deixarão em breve
o poeta perde.

Porém paixão
é condição.
Prá quem? 
Dizia a poesia.

Dos mares e amores

O que o mar trouxe
o mar leva...
Maldito tempo que não espera.
Ao trazer o amor,
 não se demora
tarda porém,
em levá-lo embora...

Estranho-te e extraño-te

Estranho seria
Não extrañar-te
Mesmo. Não poderia!
Estranho sim, não desolar-te
assim permaneço
mas não me ria!
Pois não sem dores
e bem intencionados
coleciono amores
e poemas inacabados.

domingo, 19 de julho de 2015

Vaivém

Vais,
Mas se tu fores
Dar-te-ei
ainda assim
Flores e amores
Não sem dores

Vais,
Quem sabe irei
Meu bem, a mim
Deveras sei
Somente teu
amor tomei

Vens,
E terás mais
Não temerás
Sucumbir a dor
Que a flor do cais
Traz, ao cair.

Vens
E tu verás
Quanto de sal
Ó mar,
maré tu tens.

Vens,
e envolver-te-ei
nos seios meus
então ó rei
é findo
o adeus.


Vais
E não verás
Quanto amor
Ó linda
Ainda
Traz...