quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Sobre quadras, esquinas e desencontros

Naquela quadra o amor,
[É dezembro]
Na esquina, solidão
[É verão]
No cruzamento, sinal fechado.
[É vermelho]
No meio da rua, paixão.
[É erupção!]
De quadra em quadra, desencontros...
[Tocata em fuga]
Corpos dançam sem se tocar
[Street Dance]
Amados amam, sem se amar!
[Quadrilha]
Porra Drummond!
Quadrilha não combina com Réveillon.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A nota Sol

Acordou com o sol batendo em sua cara... Não aquele solzinho terno, ameno e gostoso de uma manhã fria de inverno... Passado o solstício de verão, aquele sol já era um tapa na cara.
Olhou o mar... Pouca brisa, muito calor. Acabara de constatar: era mesmo verão!
Alguns dias são passíveis de passar sozinho, mas os dias de sol? Estes convidam aos encontros...
Encontrou um chuveiro como companhia, a melhor que poderia ter naquele dia de calor indescritível.
Preparava-se para sair de casa, porém sem pressa e sem objetivo também. Parecia querer uma desculpa para não existir mais... Já imaginava o transtorno das ruas lotadas, pessoas apressadas, outras bem lerdas andando nas calçadas do comércio em busca da melhor loja para se entrar.
Era Natal!
De novo? Pensou nossa personagem – se esta época é tempo de pensar em renovação, porque tudo se repete? Enfeites natalinos, compras exageradas, roupa nova, chocolates, panetones, peru, ao invés de frango assado, pernil, brinquedos, presentes de amigo secreto... protetor solar.
Que preguiça de existir nestas datas!
Ai, que preguiça de viver! Exclamou Vivian baixinho...
Parece até uma canção repetida, aliás, uma canção de uma nota só! A nota sólida/insólita do capital, a nota da solidão, a nota sol...
Esta estação de corpos grudentos, deveria ser mesmo pra afastar as pessoas... corpos quentes perto de outros corpos quentes formariam a imagem mental do inferno?  Tudo em brasa!
Então Vivian murmurou: preciso de alguém que passe  protetor solar em minhas costas sem precisar que eu peça!
A cabeça  ardia, o corpo também ardia! Vivian parecia estar com febre. Seriam delírios seus pensamentos?
Só quero sol sem solidão! Desta vez, ela escreveu a frase em seu diário e fez promessas para o próximo ano...
E o que o inverno uniu, não separe o verão!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Insônia

Frio dentro de mim...
Um fio de navalha
e um som suave
a me torturar.
Pensamentos ácidos
dando vazão
a palavras cítricas,
que não foram ditas,
nem escritas.

Sentido.
Sim.
Os sentidos vêm primeiro.
Os sentimentos...
E para mostrá-los
têm que se dizer,
escrever,
mostrar.

Olhar no olho de alguém,
se deixar perceber.
Cheirar uma palavra
e notando que está azeda,
vomitar verbos,
menstruar substantivos,
transpirar metáforas,
inspirar poesia.

Insônia.
Sonhar que se tem sono,
acordar
com a lembrança do sonho,
quando se sonha que dormiu.


(Primeiro semestre de 2003)

domingo, 11 de dezembro de 2011

Literatura de toalette

Quando Piaget não funcionar, experimente Pinochet.

Deus está morto!
Ass.: Nietzsche

Nietzsche está morto!
Ass.: Deus

Você aí parado, também é explorado!

Extraído de portas do banheiro feminino de uma Faculdade Pública.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Presença

Foto: Tacianna B. / Arquivo pessoal
Ficou o cheiro,
o jeito,
a pele morta
transmutada em poeira

O gosto de suor
na camisa usada,
a calcinha pendurada,
um livro fechado. . .

Ficou a insistência da presença,

E a curta permanência
prolongada. . .

domingo, 13 de novembro de 2011

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O sofá chegou

Pode ir...
A porta está aberta,
Sempre esteve meu bem.
Era você quem fechava, na ânsia de me proteger.
Mas sabe de uma coisa? A proteção vem de dentro.
Você me disse isto uma vez, lembra?
Não nos prometemos nada.
Porque a necessidade de se fazer presente?
Animais costumam marcar território, mas e você?
E você meu bem?
Mania de se mostrar imprescindível.
Mas você não é. Ninguém é.
Sabia?
Vamos viver nossas vidas,
Pois tudo é belo.
Pode ir...
Gostar apenas não me serve.
Não quero tudo,
Mas não quero nada!
Necessidade urgente de ser eu de novo.
Necessidade urgente, (viu amiga?) de voltar a planar
Do alto de meu décimo terceiro andar...
A culpa é minha sabe?
A culpa é toda minha.
De querer demonstrar tudo de uma vez só
O sentimento que bateu e ficou...
Providenciarei a retroescavadeira
Nem é tão dificil assim.
Acho.
Foi tudo lindo. Pretérito imperfeito.*
Mas uma nova primavera chegou,
E junto com ela,
Um belo sofá.
Podem vir.   Estarei pronta e de braços abertos.

*Pretérito Imperfeito
Expressa o passado inacabado, um processo anterior ao momento em que se fala, mas que durou um tempo no passado, ou ainda, um fato habitual,diário. Por tanto ele não indica a certeza de um fato acontecido, sendo assim chamado este tempo verbal de pretérito imperfeito, pois não se refere a um conceito situado perfeitamente num contexto de passado.
Fonte: Wikipédia

domingo, 30 de outubro de 2011

AlgodãodoceAMARgo

Ela acordou com uma certa esperança naquele domingo. Não uma esperança qualquer, mas aquela como a de uma criança que tem certeza do gosto doce do algodão doce que derrete na língua e espalha-se pela boca. Aquele gosto quente e terno, sensação de aconchego, talvez induzido pelo céu de tons rosáceos com que o dia amanheceu ou pelo consolo do sol e a convicção do novo ao vislumbrar o horizonte pela janela dos sonhos. A criança tem certeza de que não provará nada mais prazeroso que aquele algodão doce.
Fez uma limpeza em sua casa, a fim de eliminar qualquer vestígio de dor que pudesse encontrar. Em vão. Mas encontrou um vão, onde estavam armazenadas as sujeiras mais sórdidas, restos que já foram belos e vivos, mas hoje não passavam de cadáveres.  Já haviam sido cremados, mas insistiam em estar ali... As cinzas. O dia de conSOLado tomou forma de combustão e explodiu em chuva, tão cinza chumbo estava.
A esperança foi-se embora de mansinho, acho que até que continuou por ali, à espreita, apoderando-se de novo de um corpo de ossos emoldurados por uma carne quente, inquieta, dolorida, cansada, flácida de tanto assumir uma função que não era a sua (a saber, amar). Então um hierofante que veio visitar-lhe lembrou-lhe de que o coração é um músculo, portanto, mais rijo que suas ancas, mais forte e mais suscetível à dor. Neste momento uma lágrima quente e AMARga, escorreu-lhe da face à procura do MAR... Era mais uma vez, a esperança... mas ela desejava que esta fosse embora, pois já não lhe servia mais...
Então entregou-se novamente à janela dos sonhos e ficou por lá... até que outro algodão doce viesse derreter em sua boca...

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Condor

Liberdade é estado de espírito.
Vou voar, planar, assobiar...
Quem sabe que ave
Maria sabe rezar
Condor
Ou sem,
Mas valem dois pássaros voando, do que um na mão.

domingo, 16 de outubro de 2011

Matemática

Há rima na matemática?

No sul, Andréia Viviane MATE. . .
esta TEMÁTICA
É ciência,
ou tiTICA?

Porque a erva
Intui,
conclui,
obstrui imaginação
(toda e qualquer falta de. . .)

Um MATEMA
é facilmente resolvido

MATEMÁTICA
é crime passional!

MATE!
Erva em expansão!

MATEMÁTICA
pode ser paixão!
Ou não. . .

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Entre ca(c)os

Espatifou-se
Cacos de vida pelo chão
Fez sangrar. . .
Ainda há cacos no chão,
noutras vidas atingidas .
Ainda há cacos!
Há Caos .
Morte!
Ao juntar os cacos
outra vida,
tatuada,
marcada .
Nova capa de Arlequim .
Vida entrecortada .

Outubro/2004

Distância

Entre o meu e o teu olhar,
há um abismo.

Nossos corpos desconexos,
não conseguem se ajustar.

Há uma distância
entre a ânsia
e a saudade.

Julho/2003

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Poema da tréplica sem métrica

                                                                       
                                             De que vale a métrica,

                                                     se não houver réplica
                                                 
                                                            para amar?

                                                    Porque a forma

                                                             U-n-i-f-o-r-m-e
   
                                                        da  Poesia

                                                   reflete o que

                                                            d
                                                                   i
                                                                    s
                                                                         f
                                                                            o
                                                                        r
                                                                          m
                                                                       e  *

                                                                     está!

                                                          Peço tréplica,
   
                                                          e será que dá?

                                                               
                                                     NÃO DÁ!

                                                               Não dou!
                                       
                                                           Me dôo.
       
                                                                 D
                                                                     ó
                                                                        i.



*1Segundo dicionário Aurélio - Disforme: Adj. 1. Desconforme, descomunal. 2. Monstruoso horrendo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Não tenho diário!


Assisti num dia qualquer do ano de 2010, no SESI/ Santos ao espetáculo: “Qualquer sofá”... no início a sensação provocada era de desespero por ver-se tão assustadoramente retratada em cada cena... no desenrolar da peça foi ficando este misto de desespero e alívio acentuado pela frase: “Respire!” – Taquicardia, medo, angústia, vontade de mudança... e ETC... foram as sensações suscitadas em mim ali!!! Quando cheguei em casa, lembrei-me de um texto que escrevi há alguns anos atrás (2003)... um tanto quanto banal (desculpem a constante autocrítica)... como pode ser banal a vida... peço licença para postá-lo aqui: 
         “Não tenho diário. Vivo uma vida que não necessita ser escrita porque tudo é absolutamente comum. Mas hoje vou escrever. Hoje decidi ter uma história. Embora, pensando em quem vai ler esta historia, esta idéia me pareça um tanto quanto enfadonha. Por isto não espero ter muitos leitores...
            Um barulho agora me incomoda. Não só o barulho dos carros, motos e sua buzinas na madrugada. Mas, dentro do meu ouvido chove. E meus olhos não vêem uma só gota, minha pele não absorve um só pingo d’água. Tem roupas no varal.
             Preciso de sensatez, mas ao ouvir o deslizar do grafite no papel, vou me convencendo mais e mais de que só a loucura faz sentido.
            Porque é normal ser feliz nas novelas? Para as pessoas felizes não há nada mais substancial que assistir ao “Jornal Nacional” todas as noites e ao “Fantástico” todas as noites de domingo.
            Quando penso que a felicidade é um pré-requisito para a normalidade, sinto que estou ficando desprovida de razão.
             Não gosto de ser pessimista! Na maioria das vezes sou alegre e acredito em pessoas. Talvez este seja o meu pior defeito.
             Gosto de antíteses e ironias. Mas gosto também de fábulas, contos de fadas, de flores e da chuva (exceto quando há roupas no varal).
             Acho que sou uma personagem, porque toda vez que a gente escreve uma coisa, esta coisa vira realidade. É assim que as mentiras viram sonhos. E os projetos ficam no papel...
             Em meio aos papéis, fotos, livros e cadernos, as lembranças se perdem. São despedaçadas junto com as traças... e a mesmo poeira que as envolve, enuveia as relações que ficam perdidas apesar de já terem sido minadas. As baratas e ratos já fizeram lá morada. E construíram já seus mundos singelos, alimentando-se da podridão dos sentimentos ali depositados, num campo de concentração, sendo aos poucos asfixiados por encontros nunca acontecidos.
            Aí, surgem as dores...
...de não ter lido, não ter vivido, de não ter amado nem sofrido, não ter comido nem bebido, não ter se despido, nem sangrado”.   

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Universo Masculino

    Esse universo masculino...

      ora abomino,
     
            ora abomino!



                          (Escrito de tempos, achado entre escritos perdidos no limbo do PC...)

Malinculia

(Antonino Sales)     
                                  
Malinculia, Patrão,                                           
É um suspiro maguado
Qui nace no coração!
É o grito safucado
Duma sodade iscundida
Qui nos fala do passado
Sem se torna cunhicida!
É aquilo qui se sente
Sem se pude isprica!
Qui fala dentro da gente
Mas qui não diz onde istá!
Malinculia é tristeza
Misturada cum paxão,
Vibrando nas furtaleza
Das corda do coração!
Malinculia é qui nem
Um caminho bem diserto
Onde não passa ninguém...
Mas nem purisso, bem perto,
Uma voz misteriosa
Relata munto baxinho
Umas história sodosa,
Cheias de amô e carinho!
Seu moço, malinculia
É a luz isbranquiçada
Dos ano que se passo...
É ternura... é aligria...
É uma frô prefumada
Mudando sempre de co!
Às vez ela vem na prece
Qui a gente reza sozinho.
Otras vez ela aparece
No cantu dum passarinho,
Numa lembrança apagada,
No rumance dum amô,
Numa coisa já passada,
Num sonho que se afindô!
A ta da malinculia
Não tem casa onde mora...
Ela veve noite e dia
Os coração a rondá!
Não tem corpo, não tem arma,
Não é home nem muié...
E ninguém lhe bate Parma
Pru caso di sê quem é!
Ela se isconde num bejo
Qui foi dado há muntos ano...
Malinculia é desejo,
É cinza de disingano,
Malinculia é amô
Pulo tempo sipurtado,
Malincolia é a dô
Qui o home sofre calado
Quando lhe vem à lembrança
Passages da sua vida...
Juras de amô... isperança...
Na mucidade culhida!
É tudo que pode havê
Guardado num coração!
É uma histora que se
Sem
forma de ispricação!
Pruquê inda vai nacê
O home, ou mermo a muié,
Capacitado a dize
Malinculia o qui é!!!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Para ninar casulos...


A borboleta

pousa

E faz pose prá mim

Rodopia no dia,
No pouso,

nova pose.
Parece até que  sabia                                            
Que sua vida só

se vive
um dia . . . 


                                       Foto: Quintal da tia Vânia/Guarujá

    

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Hippie?


Hippie, riponga, alternativo, diferente, doido... cansei destes jargões desconectados de conteúdo. Sim , se ser hippie representa um protesto, um grito de indignação, serei então. O problema é que a muitos dos que nasceram na década de 80, e alguns que vieram ao mundo na década de 60/70... (será que é melhor deixar esta citação no plano atemporal? – talvez sim....) o fato é que algumas pessoas não sabem o que dizem!
Porque se alguém usa saia comprida rodada é hippie, se usa colares coloridos, é “riponga”, se quebra a ordem “natural” das coisas, é “alternativo”... cansei dos rótulos.
Parece óbvio, mas não sejamos assim tão ingênuos... mesmo de All Star (símbolo mais capitalista, acho que só o M’c Donalds) vejo pessoas serem tatuadas com estas tarjetas...
Procurei no google, que me levou ao Wikipédia, então vamos lá, outra vez, novamente, (desculpem a redundância, mas é o efeito que busco mesmo)! Movimento que remete à Contracultura; frase mais conhecida “Paz e amor”; sexo livre; entorpecentes. Estilos musicais relacionados ao movimento: The Beatles, Janis Joplin, Jimy Hendrix, Led Zeppelin, The Doors, Mutantes, Raul Seixas, Zé Ramalho, Pink Floyd... e por aí vai...
Hey, alguém aí se identificou? Pois é, virou hippie hein?
Não me incomodo com o movimento, mas os rótulos são o viaduto do consumo. Pessoas são irritantemente leigas quando colocam todo o movimento sob a simples égide da moda (esta, no sentido do consumo, não é tão simples assim), ou dos modismos. Então, se você consome “coisas diferentes” ou “alternativas”, cuidado! Está correndo um grande risco de ser mal interpretado! Será taxado de “riponga” ad eternum, e se vestir qualquer coisa comunzinha como um blazer, imediatamente te perguntarão se virou “executivo”. Então use blazer com ar blazê! Triste pensar que um movimento que tinha como princípio protestar contra uma guerra insana como foi a do Vietnã, (pensando bem, será que existe guerra que não seja insana?), terminar rotulado assim. Mas voltemos, o protesto hoje virou simples objeto de consumo. E de quem é a culpa? Dos “alternativos”? Que se permitem ser capturados? Dos comunzinhos, que não conseguem diferenciar protesto político de consumo? Será que existem protestos nos dias atuais? Há uma guerra pautada em princípios (quem diria) religiosos, acontecendo durante anos. Paz e amor? Quem se importa? Vou vestir meu jeans surrado e ir trabalhar!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Poema acostumado

Era costume
embriagar-se
e sair por aí.
Era costume,
enrroscar-se
com qualquer vadia de saia.
Era costume,
Abrigar-se
em qualquer lugar quentinho
[podia ser ali]

Era costume
soturnamente
encontrar um lugar qualquer
onde só a lua pudesse deitar seu olhar
Era costume
colher rosas
dos mais variados
Sabores
[Ali, sob olhar da lua]
Era costume
o desfrute do sim.
Sim, era
Costume!
O não,
é Customização!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Contaminação

Saudade
é doença que não se pega no contato com as mãos,
Portanto mantenham-nas sujas. . .
Contaminadas de lua e afetos. . .

Poros

Espera. . .
Silêncio!
Na Terra do Nunca,
Nunca acontece n-a-d-a!
Terror
Escuridão
Um vazio
do tamanho do imensurável
Negror
Embranquecido
pelas páginas da vida
que não contam nada.
E a gente continua. . .
. . . esperando.
V-i-v-e-n-d-o
Na garganta,
uma fala que não sai.
No olhar,
uma distância avassaladora.
No sorriso,
uma máscara para a dor. . .
No escutar,
um sussurro. . .
que ecoa...
ecoa. . .
ressoa. . .
e vira suor!

Julho/ 2003
O que brota se não escrito logo,
Apodrece
O tempo passa,
mata,
envelhece
E do poema que nasce
A madrugada se alimenta.
Tinha fome de sentir saudade. . .
Me saciei!

28/05/2003

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Menina de lá com Bagge

"Várias teclas minhas tão falhando tô à meses sem exclamação"
(Emprestei as aspas do Bagge)

Para mim

Não por um desejo lascivo somente,
Corpos convictos, concisos em um.
Escadas vazadas
Lances de saia,
Ensaios de língua: o breu da noite como testemunha.
Paraty está logo ali: Mar de surpresas e depois da Lapa, comi.
Corpo é corpo.
Desejo é um barco à deriva
Tudo era intenção
In Tesão
Não cabe mais nada aqui...
Você em mim,
Paraty, dentro de mim,
Eu, fora de mim.

sábado, 25 de junho de 2011

Poesia

Poesia não tem dono
Poesia não tem hora,
nem lugar determindado prá acontecer.
A Poesia surge, quando alguém precisa dela.

LAPA

Lapa,
Teu batuque contagia
a fria das polacas
Teus cabelos negros, crespos, sem chapinha
são de um Brasil que vêm de cima
do alto do morro que desceu
e se espalhou.
Lapa,
Tua gente é mosaica
Invejas faz a qualquer Picasso
Que o teu quadro não pintou.
Lapa latina
Lapa mulata
gringa rica
e batucada
Teus arcos sobre as cabeças
e tuas putas dignas indignadas
Bichas loucas desvairadas,
Tua pinga adocicada.
Lapa dos poetas
que cantam tua inigualável diversidade
na Cidade Partida de Ventura
E que aventura é te possuir.
A Lapa me comeu
E eu gozo até agora.
Um tanto de mim é certeza
O outro tanto: questão
Um tanto de mim é pureza
O outro tanto: devassidão
Um tanto de mim é amor
O outro tanto: ilusão
Um tanto de mim é paixão
O outro tanto: também...