Acordou com o sol batendo em sua cara... Não aquele solzinho terno, ameno e gostoso de uma manhã fria de inverno... Passado o solstício de verão, aquele sol já era um tapa na cara.
Olhou o mar... Pouca brisa, muito calor. Acabara de constatar: era mesmo verão!
Alguns dias são passíveis de passar sozinho, mas os dias de sol? Estes convidam aos encontros...
Encontrou um chuveiro como companhia, a melhor que poderia ter naquele dia de calor indescritível.
Preparava-se para sair de casa, porém sem pressa e sem objetivo também. Parecia querer uma desculpa para não existir mais... Já imaginava o transtorno das ruas lotadas, pessoas apressadas, outras bem lerdas andando nas calçadas do comércio em busca da melhor loja para se entrar.
Era Natal!
De novo? Pensou nossa personagem – se esta época é tempo de pensar em renovação, porque tudo se repete? Enfeites natalinos, compras exageradas, roupa nova, chocolates, panetones, peru, ao invés de frango assado, pernil, brinquedos, presentes de amigo secreto... protetor solar.
Que preguiça de existir nestas datas!
Ai, que preguiça de viver! Exclamou Vivian baixinho...
Parece até uma canção repetida, aliás, uma canção de uma nota só! A nota sólida/insólita do capital, a nota da solidão, a nota sol...
Esta estação de corpos grudentos, deveria ser mesmo pra afastar as pessoas... corpos quentes perto de outros corpos quentes formariam a imagem mental do inferno? Tudo em brasa!
Então Vivian murmurou: preciso de alguém que passe protetor solar em minhas costas sem precisar que eu peça!
A cabeça ardia, o corpo também ardia! Vivian parecia estar com febre. Seriam delírios seus pensamentos?
Só quero sol sem solidão! Desta vez, ela escreveu a frase em seu diário e fez promessas para o próximo ano...
E o que o inverno uniu, não separe o verão!